"Lo mejor de España es la Vera; lo mejor de la Vera es Jarandilla... Allí está lo mejor del mundo. Y allí quisiera que me enterrasen para irme al cielo".
Com estas palavras o Imperador Carlos V, o homem mais poderoso do seu tempo, indicou o seu enamoramento por uns obscuros vergéis nas planícies de Cáceres, veigas dos Duques de Oropesa e Marqueses de Jarandilla, Cavaleiros de Santiago em terras outrora templárias.
No castelo atardou-se o tempo de ser acolhido pelos hieronimitas de Yuste e daí seguir para outros pastos; nesse intervalo o estampido distante das remontas pelos caminhos da Extremadura para a Meseta não alcançariam já os seus ouvidos absortos; não o devem ter perturbado as exaltações políticas do seu primo Francisco Álvarez de Toledo, pouco depois Vice-Rei do Perú, introdutor da Inquisição e futuro carrasco de Tupac Amaru.
Não, no horto de Jarandilla Carlos V deve ter meditado sobre o sentido do poder.
Muitos disseram-no cansado, muitos viram a loucura materna assomar no seu rosto decrépito. Mas a sua abdicação em Felipe II parece hoje um gesto de sagesse cristã, um último momento de libertação das teias que compuseram a sua aparente grandeza – ele que arrostara tanto papas como vanguardas luteranas, e todos os poderosos da Europa.
Faltava conquistar-se a si mesmo num último momento redentor de conciliação, já sem os brocados da ostentação e na semi-nudez do burel, a reflectir contrito na lógica de inversão de exaltados e humilhados que perpassa os Evangelhos. Concedeu-se a si próprio esse momento de meditação, e deve ter descoberto in extremis o verdadeiro poder – o único poder – que nos é verdadeiramente concedido.
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