Tao


Para um taoísta a noção de "direitos" é absurda, e denota somente o narcisismo e auto-engrandecimento com que nos encaramos. Para um taoísta nem sequer faz sentido dizer que um indivíduo, um grupo, ou até a nossa espécie, é um fundamento, ou um ponto focal, para os nossos juízos morais. É "demasiado humana" a busca de visões próximas, como o confucianismo, por um "sentido da vida", por um "fundamento", e mais ainda quando esse fundamento é associado à ideia de uma outorga divina da nossa condição.
 
O Tao é transcendente e imanente, perpassa toda a natureza que nos abarca; mas porque não age com um propósito não podemos retirar dele qualquer legitimação da nossa conduta, se procurarmos formulá-la em termos finalísticos, intencionais. Por isso, para um taoísta a "consciência ética" é uma desnaturação dos motivos para agir, expulsando o impulso vital em favor de uma racionalidade tingida pela pré-compreensão teleologista.
 
Se existe, portanto, uma ética taoísta, ela é subtilmente não-normativa – reservando uma dimensão prescritiva ao apelo à dissolução na natureza, à regeneração holística, à convergência para o Tao. Se essa ética existe, ela reclamará um novo vocabulário, possivelmente poético, não-designativo.

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