Subtis são os caminhos, insondáveis os desígnios…
Escolhe-se seis dos mais desqualificados plumitivos da escrevinhação lusita e embute-se-lhes na cabeça o convencimento de que são dignos sucessores de Eça de Queirós. Como se adivinha, os escribas tão mais depressa se rendem quanto mais alarves são. Vai de escreverem um seguimento para Os Maias, nem mais. Um deles, belfo e acometido de gaguez psicossomática, já admitiu que vai "dar a volta ao texto" na "sequela". Outro, um inefável arvorado ao Parnaso da escória, promete entroncar a prosa na "questão colonial".
É tão ridículo o propósito e tão desqualificada a trupe que com toda a certeza lerei essa Nova Ilíada. Eça, coitado, estremunhado desta horrífica traição à sua memória, cedo se refará e rirá através dos olhos de cada um dos leitores deste projecto "a doze mãos" (eu ia dizer vinte e quatro, mas contenho-me). Eu certamente terei aí um enérgico desopilante para o tédio estival.
Subtis os caminhos: o engajador desta remonta de escribas quis certamente enaltecer a memória de Eça, com um maquiavelismo que lhe conhecemos de outros carnavais. Claro: depois de lermos as zambujices agualuzadas e as clarices apeixotadas que fervilharão no miasma impresso, com que devoção não regressaremos nós às delícias intelectuais do original?
Insondáveis os desígnios: nem em sonhos Eça alguma vez imaginou vergastar com tanta violência essa burguesia semi-letrada, reles, molenga, sabuja, como ela mesma se auto-vergastará com este pífio e fraldiqueiro esforço de "desconstrução" e "reinvenção" e "actualização" de uma obra que afinal tem sobrevivido a tudo – até a estas mutiladoras homenagens do galinheiro.
Uma farsa de avental para encostar a grafia dos analfabetos numa edição para o rapazio do secundário. Nao vem por lá uma introdução do farsola do Reis? Os outros farsolas são meros utensílios à mão. Prestam-se a trabalhos assim.
ResponderEliminarBom Verão!