Baptista da Selva


Cinco lições a tirar do episódio que veio alegrar o meu Natal:
1. Devíamos ter desconfiado: Baptista, com "p", é de quem não aderiu ao Acordo Ortográfico; logo, ou era um sicário da língua portuguesa a mando de Vasco Graça Moura, ou era um impostor.
2. Depois, a referência académica a uma universidade de "louvais" indica que se trata de pessoa de perfil messiânico ardoroso (como em "vós que LOUVAIS ao bezerro d'oiro").
3. Outrossim, desde que o Abade de Priscos abandonou a confecção do seu afamado pudim para anunciar ao mundo que o Papa não brinca ao Farmville – isto para reabilitar a vaca e o burro alegadamente despejados da manjedoura (LER) – soava suspeito que a ONU andasse preocupada com outras coisas menores, nomeadamente a crise da dívida portuguesa.
4. Acresce que o mesmo Abade de Priscos, interrompendo novamente a feitura do pudim, veio sentenciar que os políticos são uns "profetas da desgraça" (LER), o que teve um duplo efeito: a) politizou o São João Evangelista (o do Apocalipse, não confundir com o São João Baptista – mais sobre este a seguir) e b) denunciou o nosso Arturzinho, que não sendo político andava a anunciar a desgraça.
5. Não obstante, "Baptista da Silva" é nome de pergaminhos académicos e culturais: vamos poupar o nosso Garrett, que também o era, e lembremos apenas o Jean Baptista da Silva, catedrático francês que pôs meia Europa a sangrar dos cascos e não era da ONU.


6. Se ao menos o nosso Baptista tivesse começado a pregar no Fogueteiro, terra do deserto na doutrina do nosso saudoso ministro Lino! Aí seria deveras um João Baptista, iracundo a pregar no deserto ao gentio incréu, anunciando a boa nova – com a chancela da Academia e da ONU! Claro que isso nada lhe augurava de bom, porque a opinião pública portuguesa é uma verdadeira Salomé, reclamando em meneios lúbricos a cabeça de quem não seja profeta da desgraça (Piscos dixit). Mas que final triunfante seria! Linchado pela canalha lusa, amarrado ao pelourinho da ingratidão, ao menos acabaria imortalizado como Baptista da Selva, o Messias do Linhó!

1 comentário:

  1. Eh! Eh! Alegrou-nos o Natal, sem dúvida. E bem deve ter enchido o cabaz com as «palestras» à conta dos moços de fretes do jornalismo doméstico.
    Mas um feliz Natal é que venho desejar, a si e aos seus.
    Cumpts.

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