Quando oiço os europeístas mais assanhados a exaltar o "desígnio europeu" lembro-me sempre dos alvores desse "desígnio", e recordo, como símbolo mais eloquente de tal "desígnio", a romagem do pobre D. Afonso V a França, entre Agosto de 1476 e Outubro de 1477, a buscar um apoio de Louis XI, menos de um ano depois de ter celebrado uma aliança com ele.
É verdade que ia vergado pela humilhação da batalha de Toro.
É verdade que ia vergado pela humilhação da batalha de Toro.
É verdade que Louis XI poderia ter reservas quanto à posição portuguesa, já que o seu arquirrival, Carlos o Temerário, era filho de uma portuguesa, a Isabel da Ínclita Geração (mas Carlos o Temerário morre em Nancy em Janeiro de 1477).
O ponto é que Louis XI se denominava a si próprio como "A Aranha Universal", e os outros cognominavam-no "O Ardiloso" (antes de a posteridade, ingénua, cair na teia de o recognominar "O Prudente").
O ponto é que Louis XI se denominava a si próprio como "A Aranha Universal", e os outros cognominavam-no "O Ardiloso" (antes de a posteridade, ingénua, cair na teia de o recognominar "O Prudente").
Que podia perante ele, ou contra ele, Afonso V ? Voltou enganado, humilhado pela aventura "beltraneja", pronto a ceder o poder, e a frustração vingativa, ao futuro D. João II.
Uma história deprimente; mas, porque deprimente, edificante – uma prova bem prematura do que foram e são os "desígnios europeístas". Quem se esquece da História...
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