O país, como é de costume, deleita-se na elaboração de responsabilidades por associação. Nada é menos original, aliás, e nada tão demasiado humano – mas nisso também se confirma o carácter genuíno do português, que é o de ser uma esponja de sincretismo primordial a absorver as coisas mais pequenas e sórdidas do nosso gregarismo primata.
Como o país é pequeno nota-se mais, e especificamente esta glorificação da "pertença" e esta demonização da "exclusão" que subjaz à responsabilização de grupos. As minorias vivem mal nas comunidades de chimpanzés, dada a predominância de factores de territorialidade e de agressividade sexual; por razões não muito diferentes vivem mal em Portugal, um país vergado ao peso de uma consciência histórica de perseguição às minorias – que só não é má consciência porque nem sequer promana propriamente do nível da consciência.
Tivemos já essa responsabilidade por associação plasmada na Constituição, quando o caçador era maçon e o caçado era ex-PIDE. Chegou a vez dos maçons, e depois virão outros, que um mínimo de coesão gregária reclama essa sempre renovada escolha de alvos e essa incansável definição de inimigos. Por sorte, andamos mais no vinho verde do que no Zyklon B ou na cicuta.
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