O país passaria muito melhor com um décimo das notícias, e melhor ainda com um centésimo das notícias. Só que isso QUASE dispensaria agências noticiosas e uma classe jornalística (ao menos, uma classe tão túrgida e dependurada no erário) (mais sobre o QUASE já de seguida).
Convenhamos, as notícias mais relevantes chegar-nos-iam na mesma – beneficiadas por virem mais "brutas", ou seja, menos recobertas da patine de "correcção venal" e de inépcia vocabular que caracterizam o estilo indígena.
Uma bomba atómica em Madrid? Cá se saberia!
Uma nova gripe galinácea? Seríamos avisados (e estaríamos dispensados daqueles directos à porta do Ministério da Saúde que tendem a colocar os sintomas à frente da chegada do vírus)!
A quadratura do círculo, a pedra filosofal, o movimento perpétuo? Jamais seríamos privados da comunicação dessas descobertas!
Que restaria então de relevante para as agências noticiosas nos comunicarem? Só vejo um facto, o de estarem em greve, de não transmitirem mais notícias. Isso sim seria, será, é, notícia, ainda que consista naquilo que se designa por "factóide".
Dada a insignificância e irrelevância dessas agências, quem mais se interessará por uma notícia dessas? Têm que ser elas mesmas a fazê-lo. E como se trata de uma notícia positiva (prometendo uma evolução no sentido do decréscimo da entropia noticiosa), essa não podemos perdê-la, e ela por si só justifica a existência dessas agências, cuja missão deveria limitar-se, portanto, à comunicação periódica de que não transmitirão mais notícias além dessa mesmo – para grande proveito e tranquilidade do público.
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