A Place Royale tinha dois anos quando Paris inventou algo que normalmente está reservado aos vulcões e às acessões naturais: uma ilha, a Île Saint-Louis.
Na verdade existiam duas ilhas-mouchões, a Île Notre-Dame e a Île des Vaches (pouco faltava para estar o presépio todo).
Proposta de pura engenharia urbanística, revela já a tendência para o "hédonisme de façade" que é outra invenção luteciana: atrás da imponência dos edifícios com vista para o Sena, um miolo de construções envergonhadas da sua pobreza, silenciosas e ancilares, que só o final do século XX se esforçaria por aspergir com algumas pitadas de charme – uma contiguidade de estatutos que serviria à perfeição a retórica do socialismo oitocentista.
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