Foi em torno da Place Royale que Madame de Sévigné ouviu Lully, leu Boileau, viu d'Artagnan em duelo, se comoveu com Pascal e com o Jansenismo (florescente já duas décadas volvidas sobre a inauguração da Place), disputou a felicidade com a cortesã Ninon de Lenclos, viu florescer a primeira revoada de Salons, viu emergirem os faubourgs que disputariam a primazia ao Marais (eclipsando-o por muitos séculos), assistiu à conversão de Paris num bastião do fervor católico contra as conciliações impostas pelo rescaldo das guerras de religião e pelo estatuto dos huguenotes, viu as noblesses d'épée e de robe tomarem as posições definidoras e desafiantes que conduziriam directamente às Frondas.
No meio de tudo isto, teve a serenidade de inventar a mulher moderna - ao menos no seu arquétipo epistolar e literário.
As grandes coisas nascem de coisas pequenas.
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