Downton Abbey, Gosford Park & Jean Renoir


Há uma certa forma de frivolidade egoísta que é, em termos civilizacionais, terminal.
As pessoas que julgam que mandam ostentam essa frivolidade para testarem a sua impunidade na relação simbiótica / parasitária, e por seu lado a ostentação intimida e mantém uma certa ordem das coisas, apoiada essencialmente nos únicos pontos que permanecem imóveis, e que são as pessoas transidas de medo.
Imagino que, a partir de um certo grau, o medo proporcione algum conforto existencial, pois fornece um norte e dispensa mais esforços. Há momentos em que chego a invejar o medo de outros, a indolência que isso lhes proporciona – mas depois lembro-me que são aqueles que exibem o medo, que se guiam pelo medo, os primeiros a serem topados e a serem devorados.
O medo assegura uma certa pacificação, em especial se ele se converte em regra e ponto focal da coexistência; e pode até propiciar a ilusão alienadora de que o desfecho do qual se tem medo não virá, e isso por sua vez leva a que os medrosos enalteçam, e limitadamente procurem imitar – com o fito de agradarem –, a ostentação frívola daqueles que os intimidam.
Estão todos condenados.

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