I-
Tinham dito que Papandreou tinha tido uma atitude irreflectida ao apelar ao referendo grego. Agora deixam cair as cartas e a Grécia anuncia claramente as condições (elevadíssimas) necessárias à sua permanência na zona Euro: 130 mil milhões ainda este mês.
Como os eurocratas optaram pela governação pelo medo, maquiavélicos que se julgaram, vão ter agora que cobrir a parada, porque não podem permitir que o público, verificando que o fim do Euro não é o Apocalipse, perca o medo de sair deste embuste financeiro que celebra mole e ingloriamente os seus 10 anos e venha pedir contas a esses "princípes" de pacotilha que pensaram "gerir expectativas" de povos evoluídos através de uma arcaica intimidação milenarista, substituindo a auscultação popular pelo alarido da propaganda assustadora (depois do Euro, o dilúvio...).
II-
Nada me faz simpatizar com o dono da Jerónimo Martins, mas estranho muito que europeístas convictos queiram a liberdade de circulação de capitais em que assenta a União Europeia - mas não queiram que essa liberdade passe do papel e seja exercida.
A liberdade de capitais permite aos capitalistas sacudirem com mais rapidez a canga tributária dos países, forçando estes a uma salutar concorrência fiscal (o que não acontece com a menor mobilidade e elasticidade do factor trabalho).
Será que queremos diminuir essa elasticidade no capital e condená-lo à mesma pena a que os trabalhadores, faute de mieux, estão sujeitos?
Teríamos o socialismo de volta – o verdadeiro, o duro, o tatuado.
Acredito até que seja esse o sonho encapotado de muito europeísta, que sussurra para si mesmo uma ladainha dirigista e niveladora ao mesmo tempo que bate no peito clamando pela liberdade económica.
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